Biografia

Sidney Fernandes

O encanto pelo Espiritismo

Como você iniciou na Doutrina Espírita?

Eu tinha aproximadamente 10 anos de idade, portanto em 1958, e frequentava a igreja católica, depois de fazer a primeira comunhão e entrar para a cruzada dos jovens. Meus ancestrais eram todos católicos. Nessa altura, meus pais já frequentavam o Centro Espírita “A Serviço do Mestre”, localizado na Vila Dutra, popularmente conhecida, na época como “Curuçá”, em Bauru/SP. Assim que me misturei com os adultos da Igreja Santa Terezinha, passei a desinteressar-me e desambientar-me das atividades religiosas católicas, pois as missas eram rezadas em latim. Nada entendendo e sem laços, parei de ir à igreja.

Meu pai, então tolerante com minha frequência ao templo católico, deu-me uma “prensa” dizendo que sem religião eu não poderia ficar.

Encaminhou-me para um pequeno centrinho da Vila Falcão, em Bauru, denominado “Maria de Lourdes”. Lembro-me que eu ia todos os domingos, de manhã, sozinho, para receber aulas de Espiritismo para crianças.

Lá no Centro “Maria de Lourdes” conheci João Durval Previdello, funcionário do Banco do Brasil, que praticamente me “adotou” como pupilo. Pela primeira vez interessei-me por religião e pela filosofia que ali eram ministradas de forma incipiente, ao nível de adolescentes.

Uma das primeiras aulas de que me recordo, sobre a pluralidade dos mundos habitados, foi ministrada por Leopoldo Zanardi que, num domingo, foi substituir o nosso professor João Durval.

Anos mais tarde Durval começou a ministrar aulas para a pré-mocidade espírita no Centro Espírita “Vicente de Paulo”, que ficava a poucas quadras de nova residência que meu pai construíra na Rua André Padilha Sobrinho, em terreno que também abrigava seu estabelecimento comercial (uma loja de móveis, em que eu cresci e passei a trabalhar desde os tenros idos da infância), com frente para a Avenida Rodrigues Alves.

João Durval me “nomeou” presidente da pré-mocidade espírita e fez o meu batismo de fogo no campo da oratória, incumbindo-me de narrar, semanalmente, uma história de Hilário Silva para uma plateia imensa de dez ou doze colegas de evangelização.

Nessas alturas, comecei a frequentar também, com meus pais, o Centro Espírita “A Serviço do Mestre”, onde o presidente Antonio Ferreira, conhecido como “Antonio Americano”, me pegava à laço para ler o Evangelho Segundo o Espiritismo e comentá-lo, antes do início das reuniões mediúnicas.

João Durval Previdello foi meu colega de Banco do Brasil em Bauru e tornou-se muito próximo, sendo meu padrinho de casamento.

“Antonio Americano” foi homenageado por mim pelo personagem “Paulo Americano” do meu livro “Luzes no Brasil”. No lançamento, pude rever um dos filhos do Sr. Antonio, Adolfo, que gentilmente compareceu para receber, em nome do pai, nossas homenagens, lá no Centro Espírita “A Serviço do Mestre”.

O que o motivou a tornar-se autor de livro?

Devo o início de minha carreira de escritor a João Jabbour, Diretor de Redação do Jornal da Cidade de Bauru, que, no início deste século, passou a publicar meus artigos, periodicamente. 

Em 2009, quando eu me encontrava na Itália, tive a felicidade de assistir a uma palestra de Divaldo Franco, na cidade de Milão. Inspirado pelo nobre orador e escritor, que às vezes viaja milhares de quilômetros para espalhar a Doutrina Espírita, escrevi, em dois idiomas, português e italiano, o artigo Divaldo – O Paulo de Tarso de nossos dias (Divaldo –  Il Paolo de Tarso dei nostri giorni).

Os textos foram aprovados e publicados pela RIE – Revista Internacional do Espiritismo, de Matão, em agosto de 2009. Aqui, apresento meu preito de gratidão a Aparecido Belvedere (1927-2022), diretor responsável (in memoriam) e a Cássio Carrara, jornalista responsável da Casa Editora O Clarim, que me acolheram e, a partir daí, passaram a publicar meus artigos mensalmente na RIE, bem como no Jornal O Clarim.

Quando voltei ao Brasil, Richard Simonetti me incentivou e passei a colaborar com o Jornal Momento Espírita, periódico mensal do CEAC – Centro Espírita Amor e Caridade de Bauru, que publica meus artigos até os presentes dias.

Estimulado por Richard e acolhido por Renato Leandro de Oliveira, escrevi meu primeiro livro — Reencontro —¸ que em 2012 foi publicado pela Editora CEAC.

Rendo minha gratidão também a Maria do Rosário Jordão, que passou a publicar meus artigos na Revista Verdade e Luz, de Portugal.

Em 2021, cometi a imprudência de remeter um artigo para a centenária Revista Reformador, mantida pela FEB – Federação Espírita Brasileira, que foi aprovado e generosamente acolhido pelo seu redator, escritor e tradutor Evandro Noleto Bezerra, que passou a publicar meus trabalhos mensalmente.

Quando você iniciou o audiovisual?

Minhas palestras iniciais sempre foram acompanhadas de projeções e áudios. Em 2011, Richard Simonetti me procurou, chegando do Espírito Santo, onde havia conhecido uma rádio espírita com transmissão através da internet. Incumbiu-me de criar a Rádio CEAC, com o apoio de Milton Puga e de um amigo radialista de nome Giovani.

Reuni alguns companheiros do CEAC — além de Milton Puga, Luiz Antonio de Mello, Jonathas dos Santos, Leleco e outros – e fundamos a RÁDIO CEAC em 2/12/2011. Em 2/12/2013 fundamos a TV CEAC.

Em quais veículos você participa no meio espírita?

RÁDIO/TV CEAC (www.radioceac.com.br),  Jornal Da Cidade (Bauru/SP), Jornal Momento Espírita (Centro Espírita Amor e Caridade – Bauru/SP), Jornal “O Clarim”, RIE – Revista Internacional Do Espiritismo, revista Reformador – FEB, Revista Verdade e Luz (Portugal), Aurora (Rio De Janeiro); A Nova Era (Franca/SP); Jornal Do Grêmio Espírita Atualpa (Brasília/DF), ASEAL (Agudos/SP), e outros.

Faço um trabalho particular de doação de livros a pessoas e entidades, ainda que para comercialização, oferecendo minha contribuição para a manutenção das casas espíritas.

Você considera a divulgação do Espiritismo uma missão? O que te move?

O ESPIRITISMO me encantou, desde os verdes anos. Naturalmente nele me integrei e considero obrigação trabalhar por sua divulgação, sem proselitismo. Em minhas palestras e programas, ressalto a necessidade que Kardec defendia de que cada um deve dedicar-se à religião com que melhor se afina. Prefiro um ateu espiritualizado, ainda que não tenha essa consciência, do que um religioso hipócrita.

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