CAMINHOS ESPIRITUAIS
Sidney Fernandes
Em uma conferência sobre os objetivos da encarnação, Richard Simonetti perguntou:
— Chico Xavier estava em provação ou expiação?
— Nenhuma das duas. O maior médium de todos os tempos, que trouxe a lume mais de 400 livros e milhares de mensagens consoladoras, renasceu para cumprir uma gloriosa missão espiritual. Acompanhado por Emmanuel, Chico enfrentou dores e perseguições, exemplificando o caminho para além da vida.
E quanto a nós, o que dizer? Estamos em provação ou expiação?
O espírito em missão já atingiu um nível elevado de evolução. Generoso e altruísta, escolhe reencarnar para auxiliar a humanidade. Mesmo sem precisar mais dessa experiência, retorna para disseminar ensinamentos e promover o progresso moral, intelectual e espiritual. Ainda que enfrente as limitações e dores da vida terrena, sua elevação moral se reflete na maneira como lida com essas adversidades, servindo de exemplo.
O espírito em provação reconhece suas falhas passadas e, com o auxílio de entidades espirituais, planeja uma nova vida para superar desafios morais e intelectuais. Como um criminoso arrependido que se entrega à justiça, aceita os obstáculos que escolheu antes de reencarnar. Essas provações são encaradas como lições necessárias ao seu crescimento.
No livro “Encontros e Desencontros”, Richard Simonetti conta a história de um funcionário que trabalhava com ele no banco e que cometeu um erro ao pagar um cheque. Ao perguntar a Richard sobre o que fazer, recebeu a resposta: “Se for um espírito em expiação, esqueça. Se for em provação, o dinheiro voltará.” No dia seguinte, a quantia foi devolvida, e o funcionário celebrou: “Graças a Deus, é um espírito bom, em provação!”
Espíritos em expiação reencarnam compulsoriamente, enfrentando adversidades com rebeldia e resistência. A expiação está ligada a erros cometidos, servindo para promover a reflexão e evitar sua repetição. Muitos resistem ao aprendizado, presos à matéria, ao egoísmo e aos vícios. Enfrentam dificuldades sucessivas até que, cansados de sofrer, aceitam as exigências da evolução.
Não se pode categorizar espíritos em provação ou expiação de forma simples, pois todos têm boas e más tendências. Diante dos desafios da vida, pode acontecer de o espírito em expiação manter o equilíbrio, enquanto o em provação pode reagir com agressividade. O importante, segundo a Doutrina Espírita, é a modificação interior e o esforço contínuo para evoluir.
Devemos nos preocupar menos com a classificação de nossas experiências encarnatórias e focar mais em melhorar nossas atitudes. Ao vigiar nossas palavras e ações, aprendendo a servir, o que sintetiza o esforço do amor, acumulamos créditos espirituais, que minimizam nossos débitos e adversidades futuras.
Como Pedro disse em sua Primeira Epístola: “O amor cobre multidão de pecados.”
Servindo com amor, poderemos aliviar nossas dores e avançar espiritualmente.