Resumo
Imensuráveis e misteriosas estruturas descobertas no espaço começam a despertar a ciência para a causa inteligente do universo. Da mesma forma que mentores maiores inspiram cientistas, protegem incrédulos e ignorantes, como também abrigam o coração inocente e generoso de uma criança. Neste texto, pretendemos refletir sobre a aproximação entre a ciência e o coração. A harmonia excelsa está presente em toda a obra universal.
Palavras-chave
Presença divina. Descobertas científicas. Materialismo. Dúvidas filosóficas. Assinaturas misteriosas. Milagres.
Estruturas misteriosas1
Em 2021, a estudante Alexia Lopes, buscando o título de PhD, estava analisando a luz proveniente de quasares distantes, quando fez uma descoberta surpreendente. Ela havia encontrado um arco de galáxias gigante, a 9,3 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação do Boieiro. Ele tinha 3,3 bilhões de anos-luz de extensão, com estrutura cobrindo cerca de 1/15 do raio do Universo observável. Se essa estrutura pudesse ser vista da Terra, teria o tamanho de 35 luas cheias enfileiradas no céu. Quando os cientistas observam o universo em escalas muito grandes, eles não deveriam observar grandes irregularidades, tudo deveria ter a mesma aparência, em todas as direções. A estrutura encontrada por Lopes, ao lado de outras imensas, está forçando os cientistas a redefinirem sua teoria sobre a evolução do universo. Afirmou Lopes que a sua descoberta se deveu a um feliz acidente e simplesmente teve a sorte de ter sido ela quem encontrou.
O Arco Gigante descoberto por Lopes não é a única estrutura em larga escala descoberta pelos astrônomos. A descoberta desses colossos astronômicos acelerou-se ainda mais na última década. Superaglomerados e muralhas foram detectados por cientistas em 2014, 2016 e 2020. O recorde atual entre essas estruturas é da Grande Muralha Hércules-Coroa Boreal, descoberta em 2013, que cobre 10 bilhões de anos-luz, mais de 10% do universo observável.
Para explicar o início e a evolução do universo, cientistas partem do particular para o geral. Ou seja, em grande escala, o universo deveria ter, aproximadamente, a mesma aparência em toda parte. Pelo que se sabia até agora, não deveriam existir estruturas gigantes e o espaço deveria ser suave e uniforme. É aí que surgem as maiores dúvidas para os astrônomos. Desde o momento em que supostamente teria ocorrido o Big Bang, não teria havido tempo para que essas estruturas gigantescas se formassem.
A principal conclusão a que chegou a cientista Alexia Lopes e que está tomando conta das suposições de todo o meio científico é, conforme suas palavras, ser extremamente improvável que essa grande estrutura tenha surgido ao acaso. Ela sugere que pode ter sido formada por alguma razão na física natural do universo que atualmente não conhecemos.
Cientistas estão atônitos, pois as novas descobertas desafiam tudo o que já estudaram sobre a criação do universo. Ao falarem em sorte, feliz acidente ou em razão que atualmente não conhecemos, estão sendo obrigados a refletir sobre o axioma de que não há efeito sem causa.
Espíritos superiores começam a descortinar, através de inspirações aos grandes estudiosos, cujas ações eles insistem em classificar como acidentais, novas descobertas que serão facilmente explicadas se aceitarem a óbvia prova da existência de Deus.
Presença divina2
A presença divina em nossas vidas é algo muito forte, pois no caminhar da existência naturalmente a encontramos. Mesmo entre as piores pessoas, dificilmente alguém negará essa realidade. No entanto, de vez em quando encontramos pessoas boas, trabalhadoras, de boa índole, que, por razões desconhecidas, negam a presença de Deus em suas vidas. São igualmente protegidas pela bondade divina, que independe de aceitarmos ou não a existência do Criador. Nessa linha de pensamentos, trago-lhe, amigo leitor, surpreendente história de um bom farmacêutico, ateu.
Honório simplesmente não encontrava tempo para cogitar intimamente de Deus. Não obstante, era um bom homem, trabalhador, generoso e cumpridor de seus deveres. Em certa ocasião, encontrava-se na farmácia em que trabalhava, quando entrou uma menina.
— Sinto muito, minha filha, estou de saída.
— Por favor, senhor farmacêutico. Minha mãe está gravemente doente e precisa tomar esse medicamento agora.
Nessa época os medicamentos eram aviados na própria farmácia. O farmacêutico era um químico, a misturar substâncias.
Vendo a menina tão aflita, decidiu atendê-la. Foi ao laboratório e preparou o remédio com a mistura recomendada. A menina partiu, apressada.
O bom homem voltou ao laboratório para guardar o material usado. De repente, notou que havia se enganado. Havia utilizado substância tóxica, que, se ingerida, provocaria a morte da paciente. Apavorado, correu à entrada da farmácia, olhou a rua em todas as direções, foi até a esquina…. Não viu mais a menina.
E agora?
Não conhecia a paciente. Não reparara no nome do médico. Não havia a mínima chance de desfazer o engano. O farmacêutico estava prestes a tornar-se um criminoso, matando a pobre mãe, por seu descuido. Atormentado, não tinha mais ninguém a quem recorrer. Ele, que nunca havia admitido a existência de Deus, naquele momento pensou nEle como única esperança que lhe surgiu à mente. Ergueu o olhar e falou, suplicante:
— Deus! Se o Senhor existe, ajude-me. Proteja a doente e não deixe que eu me torne um criminoso.
E chorava copiosamente, repetindo:
— Ajude-me! Ajude-me! Por misericórdia, Senhor!
De repente, alguém tocou de leve em seus ombros. Virou-se assustado e, num misto de espanto e alívio, viu que era a menina.
—Ah! Meu senhor, uma coisa terrível aconteceu. Tão afobada eu estava a correr, na ânsia de levar o remédio para minha mãe, que caí, não sei como. O vidro escapou-me das mãos e se espatifou. Não tenho dinheiro para outra receita. Por favor, atenda-me, em nome de Deus!
O farmacêutico não acreditava no que estava ouvindo. Emocionado, disse:
—Sim, sim, minha filha! Fique tranquila! Eu lhe darei o remédio, em nome de Deus!
Preparou uma nova receita, agora com muito cuidado, sem pressa. Entregou o medicamento à menina e recomendou-lhe prudência. Depois fechou a farmácia e, ajoelhando-se novamente, murmurou em meio a lágrimas ardentes:
—Obrigado, meu Deus!
A maioria dos incrédulos não são ateus. São à-toa, pois têm preguiça de refletir na grandiosidade da obra divina. Permanecem, por conta própria, na indiferença para com os objetivos da existência humana. Mais cedo, ou mais tarde, quando acicatados pelo guante da dor, mudam rapidinho de opinião e aproximam-se da religiosidade. Nesse tom, passarão a se empenhar a vivenciar a crença sublime da presença de Deus em suas vidas.
Quanto custa um milagre?3
Deus faz milagres? Como derrogação das leis naturezas, não. Mas, se de repente o amor de uma criança encontrasse uma alma competente e boa? Teríamos aí os ingredientes para um milagre? Vejamos esta tocante história que vai nos revelar o preço de um milagre.
Uma garotinha esperta, de apenas seis anos de idade, ouviu seus pais conversando sobre seu irmãozinho mais novo. Tudo que ela sabia era que o menino estava muito doente e que estavam completamente sem dinheiro.
Iriam se mudar para um apartamento num subúrbio, no mês seguinte, porque seu pai não tinha recursos para pagar as contas do médico e o aluguel do apartamento. Somente uma intervenção cirúrgica muito cara poderia salvar o garoto, e não havia ninguém que pudesse emprestar-lhes dinheiro.
A menina ouviu seu pai dizer a sua mãe chorosa, com um sussurro desesperado: — Somente um milagre poderá salvá-lo.
Ela foi ao seu quarto e puxou o vidro de gelatina de seu esconderijo, no armário. Despejou todo o dinheiro que tinha no chão e contou-o cuidadosamente, três vezes. O total tinha que estar exato. Não havia margem de erro. Colocou as moedas de volta no vidro com cuidado e fechou a tampa. Saiu devagarzinho pela porta dos fundos e andou cinco quarteirões até chegar à farmácia.
Esperou pacientemente que o farmacêutico a visse e lhe desse atenção, mas ele estava muito ocupado no momento. Ela, então, esfregou os pés no chão para fazer barulho, e nada! Limpou a garganta com o som mais alto que pôde, mas nem assim foi notada. Por fim, pegou uma moeda e bateu no vidro da porta. Finalmente foi atendida!
— O que você quer? — perguntou o farmacêutico com voz aborrecida.
— Estou conversando com meu irmão que chegou de Chicago e que não vejo há séculos — disse ele sem esperar resposta.
— Bem, eu quero lhe falar sobre meu irmão. — respondeu a menina no mesmo tom aborrecido. — Ele está realmente doente… E eu quero comprar um milagre.
— Como? — balbuciou o farmacêutico, admirado.
— Ele se chama Andrew e está com alguma coisa muito ruim crescendo dentro de sua cabeça e papai disse que só um milagre poderá salvá-lo. E é por isso que eu estou aqui. Então, quanto custa um milagre?
— Não vendemos milagres aqui, garotinha. Desculpe, mas não posso ajudá-la. — respondeu o farmacêutico, com um tom mais suave.
— Escute, eu tenho o dinheiro para pagar. Se não for suficiente, conseguirei o resto. Por favor, diga-me quanto custa. — insistiu a pequena.
O irmão do farmacêutico era um homem gentil. Deu um passo à frente e perguntou à garota:
— De que tipo de milagre seu irmão precisa?
— Não sei — respondeu ela, levantando os olhos para ele. Só sei que ele está muito mal e mamãe diz que precisa ser operado. Como papai não pode pagar, quero usar meu dinheiro.
— Quanto você tem? — perguntou o homem de Chicago.
— Um dólar e onze centavos. — respondeu a menina num sussurro.
— É tudo que tenho, mas posso conseguir mais se for preciso.
— Puxa, que coincidência — sorriu o homem. Um dólar e onze centavos! Exatamente o preço de um milagre para irmãozinhos.
O homem pegou o dinheiro com uma mão e, dando a outra mão à menina, disse:
— Leve-me até sua casa. Quero ver seu irmão e conhecer seus pais. Quero ver se tenho o tipo de milagre de que você precisa.
Aquele senhor gentil era um cirurgião, especializado em neurocirurgia. A operação foi feita com sucesso e sem custo algum. Alguns meses depois, Andrew estava em casa novamente, recuperado. A mãe e o pai comentavam alegremente sobre a sequência de acontecimentos ocorridos. A cirurgia, murmurou a mãe, foi um milagre real. Gostaria de saber quanto deve ter custado.
A menina sorriu. Ela sabia exatamente quanto custara o milagre…
— Um dólar e onze centavos… — pensou.
Mais a fé de uma garotinha…
***
Não há situação, por pior que seja, que resista ao milagre do amor de Deus, que nunca nos falta. Quando o amor entra em ação, tudo vence, tudo acalma. Onde o amor se apresenta, foge a dor, afasta-se o sofrimento e o egoísmo bate em retirada. Confiemos sempre na misericórdia divina, que sempre está presente, para resolver nossos problemas ou para acalmar nosso desespero, sob a luz da resignação.
A ciência e o coração
A harmonia excelsa está presente em toda a obra universal, desde as imensuráveis e misteriosas estruturas descobertas pelos cientistas que mapeiam o universo visível, sob a inspiração de mentores maiores, passa pela proteção da divindade, mesmo em relação aos que não a aceitam e desemboca na inocente e pura determinação de uma criança, em busca da cura para seu irmãozinho.
A misericórdia divina espraia-se pela natureza, em cada um de seus detalhes, e por toda a criação macrocósmica e microcósmica. A sequência da proporção áurea, constatada pelo matemático italiano Leonardo Fibonacci, pode ser encontrada na disposição de um galho, nas folhas, no cone da alcachofra, no abacaxi, no desenrolar de uma samambaia, na concha de um caramujo, no rabo de um camaleão, nas presas de um elefante, no miolo do girassol ou nas espirais de uma pinha.
As mesmas proporções, ainda que de forma intuitiva, foram aplicadas pelo homem, por exemplo, na estética do templo grego Parthenon, nos blocos das pirâmides do Egito ou mesmo na razão entre as estrofes maiores e menores do épico poema de Homero, como, na atualidade, são utilizadas na análise dos mercados financeiros, na ciência da computação e na teoria dos jogos. O mesmo padrão expressa-se no extraordinário mecanismo que rege a evolução do espírito. Esse progresso integra-se à harmonia universal.
A construção divina dotou todos os organismos da criação do mesmo princípio harmônico, do alfa ao ômega. Tomemos parte desse divino concerto lógico, que abastece nossas mentes e nossos sentimentos. Aceitando e confiando em Deus, em todos os momentos da vida, cultivaremos a espiritualidade, que instrui, mas que também consola.
Conscientizemo-nos de nossa pequenez, mas, ao mesmo tempo, sintamos a chama divina que pode nos elevar às alturas, movidos pelo sincero desejo de aprender ligado ao esforço de amar.
Referências:
1 – BBC NEWS BRASIL em 18/3/21.
2 – SIMONETTI, Richard – A presença de Deus – Cap. 3. Pg. 29. O ateu e o à-toa. Ed. 1. 1995. Edição e Distribuição Gráfica São João Ltda.
3 – MENSAGENS MOMENTO ESPÍRITA – volume 6 – Quanto custa um milagre? – Autoria desconhecida.