O MAL NÃO É INDISPENSÁVEL
Sidney Fernandes
A maldade, a injustiça e o egoísmo são naturais na criatura humana? É preciso transitar pelo mal, para se chegar ao bem? A inércia e a timidez dos bons abrem caminho para os maus? Não necessariamente. Podemos transitar pela ignorância, mas não precisamos vivenciar e permanecer no mal para evoluir. Quando já detemos um mínimo de elementos para discernir o mal do bem, o mal se torna escolha voluntária.
O que temos feito dos conhecimentos, mesmo precários, das lições de Jesus? Uma coisa é errar por desconhecer. Outra coisa bem diferente é errar voluntariamente, mesmo conhecendo as consequências dos erros.
Deus não cria espíritos maus, apenas ignorantes. No limiar da jornada evolutiva, podem errar, pois ainda não conseguem discernir o certo do errado. Suas ações originam-se dos instintos e da discreta condução de espíritos mais adiantados. É natural esperar que se preocupem, inicialmente, apenas com a própria sobrevivência.
As dores, no entanto, decorrentes de atos infelizes, vão criando o abençoado condicionamento para que erros sejam evitados. Logo o espírito descobre que o mal não lhe faz bem. Resvalando, ora em espinheiros, ora em escolhos, começa a procurar o caminho reto para sofrer menos. O inexorável caminho para o progresso traçado pelo Criador começa a surgir, ainda que de forma incipiente e primária.
É nesse estratégico momento evolutivo que surge a encruzilhada em que o espírito poderá optar pela rebeldia ou pela submissão. Caso escolha a prepotência e o egoísmo, logo surgirão providências do Plano Maior.
Não nascemos para sofrer. O mergulho no planeta Terra com o escafandro da carne tem por objetivo a transformação, com vistas ao progresso. No entanto, quando empacamos e nos recusamos a adequar nossa vida ao preconizado pela espiritualidade, as esporas se fazem necessárias, para que aprumemos a nossa marcha.
Quem persiste na maldade e no egoísmo, fugindo da empatia e da generosidade, submete-se à pressão natural da vida, que aciona um torniquete, cuja pressão vai se acentuando, até que crie juízo e passe a trilhar o melhor caminho de evolução, tendo como exemplo, distante, é claro, a própria figura de Jesus.
Ainda estamos atrás de alguma chave mágica ou atalho para as regiões alcandoradas da espiritualidade? Ou já chegamos ao estágio dos que estão dispostos a servir? Ou já estamos dispostos a suar, trabalhar, estudar, concentrar forças e energias para fugir do erro, promover a mudança íntima e a diminuir más tendências?
Vivamos de tal forma que o sofrimento seja adstrito ao desconforto de viver num mundo de expiações e provas, para que ele seja necessário tão somente nos momentos em que nos esqueçamos de nossos compromissos. Com essa preocupação constante, tornar-se-ão desnecessárias as esporas da força bruta e as dores que alinham nossa existência.
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