Artigos Espíritas

A mensagem do espiritismo para uma vida melhor

Sidney contribui para diversos órgãos da imprensa espírita e laica, produzindo artigos para reflexões oportunas em todas as épocas. Todos os artigos estão disponíveis nesta seção para você compartilhar em suas redes sociais ou, no caso de jornais e boletins espíritas, utilizar livremente em suas publicações, com a gentileza de citar o crédito do autor.

Boa leitura! E que a mensagem espírita chegue cada vez mais longe!

Visitantes invisíveis

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Resumo

Existem árvores e pedras falantes? Neste artigo procuraremos mostrar que os antigos não duvidavam dos fenômenos mediúnicos, mas se comunicavam com os espíritos à sua moda. Tentaremos, ainda, desmistificar os fenômenos de efeitos físicos e valorizar os conteúdos filosóficos da Doutrina Espírita, muito mais importantes e convincentes. A verdadeira transformação do indivíduo será alcançada pelo estudo, pelo raciocínio e pelo esforço do autoaprimoramento.

PALAVRAS-CHAVE: Efeitos físicos e efeitos inteligentes. Mediunidade. Transformação moral.

***

Árvores e pedras falantes

Imaginemo-nos transpondo os mares mais de vinte séculos atrás e nos transportemos ao pé do Monte Taurus, em Epiro1

Ali encontraremos um lugar onde eram realizadas cerimônias religiosas, uma floresta cujos carvalhos tinham o dom de se comunicar. Mas, as árvores podem falar? O povo incrédulo e ignorante daquela época acreditava que sim e que as madeiras se convertiam em verdadeiros oráculos, com orientações das divindades consultadas.

Com o passar do tempo, chegou-se à conclusão de que a madeira não era a única substância que poderia servir de veículo para a manifestação das entidades. Elas poderiam se utilizar de uma parede ou rocha em suas profecias e revelações. Surgiram, pois, as pedras falantes. Se essas pedras representassem, por exemplo, uma estátua, a entidade ali representada é que estaria proferindo os oráculos.

Antigos aceitavam manifestações invisíveis

Não se sabe direito, até hoje, se essas comunicações eram feitas por meio de pancadas, ruídos, do sibilar do vento, do sussurro das folhas das árvores ou do murmúrio da fonte que jorrava ao pé dos carvalhos. Alguns registros falam de sons melodiosos aos primeiros raios do sol. A verdade é que os antigos não duvidavam dos fenômenos produzidos por espíritos comunicantes, surgindo daí o princípio da crença em seres animados nas árvores, pedras e águas.

Vozes críticas dão conta de que era inadmissível que um sacerdote de respeito não fizesse o seu ídolo falar de modo convincente. Às vezes, dizem os maledicentes, era preciso suprir o silêncio com uma forçada ajuda, considerando-se que as estátuas eram ocas e que os sons poderiam ser produzidos por algum processo acústico.

Tempos atuais

Estamos querendo dizer, amigo leitor, que nos dias atuais temos o despertar da Antiguidade, esclarecido, porém, pelas luzes do estudo e da pesquisa. Vejamos este fato, com manifestações comprovadas por pessoas sérias e honestas.

Comecemos por um jovem universitário, que estava ferrenhamente concentrado em seus estudos, em um dos quartos de grande casa. Bateram à porta. A natureza desse ruído é bem característica e distinta de um estalido de madeira, da agitação do vento ou ainda do roçar de um animal ou criança. Não obstante, por estar aplicado em seus trabalhos, vacilou em atender à porta e, por achar estranho quem alguém da casa viesse interrompê-lo em plena atividade, perguntou:

— Quem é?

Como não ouviu resposta, suspeitou que não se tratava de morador da casa. Aproximou-se, abriu a porta e não havia ninguém. Ao voltar para seus estudos, ouviu novas batidas.

— Se é alguém — disse, suspeitando de alguma brincadeira —, bata três vezes.

Imediatamente o ruído obedeceu.

— Agora, bata no alto, em baixo, à direita e à esquerda — no que foi obedecido rigorosamente.

— Bata um compasso — toc, toc, toc….

— Bata um toque militar — toc, toc – pausa – toc, toc, toc…

Dirigiu-se novamente à porta do quarto e nada encontrou.

Conjecturou:

— Esse ruído não é da madeira, do vento ou de qualquer ser vivo. No entanto, obedece aos meus comandos. Concluo que se trata de algum ser inteligente, porém invisível, que responde ao meu pensamento.

Sessão mediúnica

Acostumado com as sessões mediúnicas que habitualmente eram realizadas na sua casa, levantou-se e constatou que realmente, ao lado de seus pais, havia um grupo, na sala, tentando comunicar-se com os espíritos.

Esse grupo estava em volta de uma mesa e era composto por incrédulos, semicrentes e adeptos fervorosos. Os incrédulos provavelmente estariam dizendo:

— Não cremos nos espíritos, portanto, não podem ser espíritos. Tudo é truque.

Os semicrentes diriam:

— Admitimos o fenômeno, mas não sabemos sua causa.

Dentre os crentes haviam os que simplesmente estavam aguardando algo espantoso, singular ou engraçado. Mas, havia também os sérios, instruídos e observadores, a quem nenhum detalhe poderia escapar e para quem tudo ali seria objeto de estudo.

Ah! Não nos esqueçamos dos ultracrentes, com excesso de credulidade, que consideram os mortos com confiança tal, a ponto de lhes emprestarem absoluta infalibilidade. Para eles, a manifestação dos espíritos compara-se à de um oráculo, com totais poderes e conhecimentos sobre tudo.

Jovem médium

Nesse momento, o jovem estudante universitário aproximou-se. Se até aquele momento não havia ocorrido nenhuma manifestação no grupo da sala de sua casa, com a sua chegada irrompeu, ordenadamente, obedecendo à sua ordem mental, uma série de sinalizações bem diversificadas, ora através de ruídos e movimentos de uma pequena mesa, ora através de pensamentos inteligentes, grafados por um médium escrevente ali presente.

Os espíritos – provavelmente eram mesmo vários, pelos sinais concomitantes –, indicaram a hora, o número de pessoas presentes, o nome de cada uma delas — embora nem todas houvessem se identificado —, num ritmo que lembrou uma parada militar, um rangido de serra, algo parecido com tiros de armas de fogo e outros efeitos que não nos cabe aqui detalhar.

Terminado o estranho concerto, um dos espíritos presentes indicou por um sinal particular que desejava escrever, para transmitir a sua mensagem.

A mensagem por trás dos efeitos físicos

— O espetáculo a que todos vocês assistiram ocorreu graças ao suporte magnético deste jovem universitário que aqui se encontra, que não tinha noção de seus poderes extrassensoriais. Os espíritos superiores que nos dirigem permitiram esta série de manifestações, apenas para chamar-lhes a atenção. Estão cientes de que a maioria dos senhores, embora neste momento estáticos e surpresos, amanhã já terão se esquecido de todo o ocorrido, ou talvez estarão atribuindo-os a algum tipo de fraude ou engodo.

— Rogo aos inteligentes e responsáveis que não se limitem à admiração do espetacular e perquiram pelas causas inteligentes, por trás dos efeitos físicos. Não tirem da noite de hoje apenas a lição da imortalidade. Estudem, perguntem e persigam as lições filosóficas que Deus está lhes oferecendo graciosamente. Entendam que o mais importante de todo o ocorrido está na conscientização de buscarem a transformação e a vitória sobre os defeitos que ainda portam. Entendam a lição do Alto e abeberem-se dos ensinamentos espirituais que lhes foram disponibilizados.

O porquê da vida

As explicações filosóficas da Doutrina Espírita são muito mais convincentes do que os fenômenos de efeitos físicos. Entender o porquê da dor, das deficiências e das diferenças entre os homens motiva muito mais as pessoas ao estudo e à reflexão do que os fenômenos de assombramentos, de vozes e escritas diretas ou até mesmo as materializações. No entanto, pessoas inteligentes, interessadas e de boa-fé podem fazer sua iniciação no campo do conhecimento espírita motivadas por situações semelhantes à que descrevemos.

De nada adiantarão, contudo, a curiosidade, o convencimento e o estudo dos princípios fundamentais do Espiritismo, se não atentarmos para os convites que são feitos, diuturnamente, pelos mentores que nos inspiram: o da transformação moral e o da espiritualização de nossas atitudes. Com a reforma íntima, com a superação de más tendências e com o conhecimento daremos o devido valor à vida, esclareceremos nossas dúvidas e encontraremos o consolo para nossas tristezas.

A partir daí, não precisaremos mais de fenômenos mediúnicos para nos convencerem e nos despertarem para a imortalidade, porquanto já estaremos vivendo a moral do Cristo em nosso coração, em perfeita identificação com a espiritualidade e com os entes queridos que partiram desta existência.

Conclusão

A minha parte está feita, amigo leitor. Trazer-lhe fenômenos autênticos que suscitem a reflexão. No mais, espero que incrédulos, crentes, semicrentes e ultracrentes não mudem suas vidas por mais esta série de manifestações de espíritos, mas que se conscientizem da oportunidade do estudo, do raciocínio e da transformação de suas vidas. Afinal de contas, daqui a pouco seremos nós que estaremos do lado de lá…

 

Referência:

1 – KARDEC, Allan. Revista Espírita. Fevereiro de 1858, trad. Evandro Noleto Bezerra, p. 93. A Floresta de Dodona e a Estátua de Memnon.

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